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domingo, 28 de abril de 2013

Atividades físicas para hipotensão e consumo de café



A INGESTÃO DE CAFÉ ABOLE A HIPOTENSÃO INDUZIDA POR EXERCÍCIO AERÓBIO: UM ESTUDO PILOTO
Revista da Educação Física/UEM

Thereza Karolina Sarmento da Nóbrega, James Silva Moura Junior, Naiane Ferraz Bandeira Alves, Amilton da Cruz Santos, Alexandre Sérgio Silva

RESUMO

               Para analisar o efeito da ingestão de café na resposta pressórica pós-exercício em hipertensos, seis sujeitos de ambos os sexos (56,7±4,5 anos) realizaram três sessões de exercício aeróbio em esteira. Eles ingeriram três xícaras (140 ml cada) de café (CA), placebo (PL) ou água (AG), aos 10, 20 e 30 minutos após o exercício. A pressão arterial foi verificada imediatamente antes de cada ingestão e, a partir daí, em intervalos de 15 minutos até completar 120 de recuperação. No procedimento AG, a pressão arterial diminuiu 8,4 mmHg para a sistólica e 5,6 mmHg para a diastólica, em relação aos valores basais. Por outro lado, em CA ocorreu aumento de 4,3 mmHg para a pressão sistólica e 7,7 mmHg para a diastólica. Em PL, ocorreu hipotensão pós-exercício, mas com valores atenuados em relação à CA. Conclui-se que a ingestão de café não só abole a hipotensão pós exercício em hipertensos, mas também provoca uma resposta hipertensiva.

Palavras-chave: Pressão arterial. Hipotensão. Adenosina. Cafeína.

INTRODUÇÃO

               A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é a doença crônica mais prevalente nos países industrializados. No Brasil, a prevalência varia entre 22,3% e 44,4%, dependendo da região estudada (FUCHS et al., 1994; BOING; BOING, 2007; CASTRO; MONCAU; MARCOPITO, 2007; LATERZA; RONDON; NEGRÃO, 2007). Além disso, ela representa um importante problema socioeconômico, sendo uma das principais causas de aposentadoria precoce e de absenteísmo ao trabalho, provocando elevados custos aos cofres governamentais (ROLIM; AMARAL; MONTEIRO, 2007).

               O exercício físico tem se revelado uma importante ferramenta no tratamento da HAS, promovendo redução da pressão arterial (PA) em sujeitos hipertensos em magnitude similar à que é obtida pelo uso de uma das classes de medicamentos anti-hipertensivos (BASTER; BASTER-BROOKS, 2005). Uma única sessão de exercício físico aeróbio é capaz de provocar queda na PA de 2 a 17 mmHg para a pressão arterial sistólica (PAS) e 2 a 7 mmHg para a pressão arterial diastólica (PAD), quando comparada com os níveis de repouso pré-exercício (FORJAZ; RONDON; NEGRÃO, 2005). Essa redução na pressão arterial após o exercício é denominada de hipotensão pós-exercício (HPE), e pode perdurar por até 24 horas (FAGARD, 2001; BASTER; BASTER-BROOKS, 2005). A magnitude da HPE está relacionada a fatores como o nível pré-exercício, o tipo de exercício realizado, a intensidade do esforço e a duração da sessão (FAGARD, 2001). [...]

               Atividades da vida cotidiana da maioria dos sujeitos, como a ingestão de alguns alimentos, podem atuar sobre alguns destes mecanismos, o que poderia interferir na HPE. Como exemplo disso listam-se os alimentos ricos em cafeína, como refrigerantes do tipo cola, guaraná, chocolates, chás e café. Desses alimentos, o café faz parte da cultura de muitas populações, especialmente no Brasil, que é um dos principais produtores mundiais desse grão. Uma porção de 150 mL de café (equivalente a uma xícara) contém entre 64 e 124 mg de cafeína, dependendo da espécie, torrefação e técnica de preparo (BARONE; ROBERTS, 1996) . A quantidade de cafeína presente em três xícaras de café já é suficiente para desencadear uma vasoconstrição, a qual pode ser mediada pelo aumento da atividade nervosa simpática ou, intrinsecamente, por inibição competitiva da atividade da adenosina (um potente vasodilatador) em seus receptores A1 (CAVALCANTE et al., 2000; NOTARIUS et al., 2001; NOTARIUS; MORRIS; FLORAS, 2006; RIKSEN; RONGEN; SMITS, 2009).

[...]

               Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi investigar os efeitos da ingestão de café após o exercício físico sobre a resposta hipotensora de sujeitos hipertensos que realizam exercícios físicos como terapia anti-hipertensiva e que apresentam histórico de redução aguda da PA nas primeiras horas pós-exercício.

MÉTODOS

[...]

               Em cada um dos três dias em que o exercício foi realizado, uma xícara de café, placebo ou água foi ingerida aos 10, 20 e 30 minutos depois de encerrado o exercício. Durante o momento de ingestão os indivíduos ficaram sentados e foi estipulado que eles ingerissem o café, placebo ou água, no máximo,
em cinco minutos. A ordem em que os líquidos foram ingeridos a cada dia foi definida aleatoriamente. Ressalte-se que a administração de café ou do placebo foi feita pelo modelo duplo-cego.

[...]

CONCLUSÃO

               Os resultados deste estudo evidenciaram que a ingestão de três xícaras de café não só abole a HPE, mas também provoca uma reação hipertensiva em resposta a uma sessão de exercício físico aeróbio. Este resultado é de grande importância para hipertensos que têm o hábito de consumir café em sua dieta alimentar e utilizam o exercício físico como forma de tratamento da hipertensão. Uma vez que quantidades menores de café são utilizadas habitualmente por estes sujeitos e podem não interferir negativamente na HPE, novos estudos são necessários para melhor definir o volume seguro dessa bebida, bem como para manter os efeitos do exercício, de modo a melhor auxiliar educadores físicos e nutricionistas no manejo da hipertensão arterial.


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