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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Jejum gástrico e jejum metabólico

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               [...] as diferenças conceituais entre estar alimentado, sentir-se satisfeito e estar pronto para uma atividade física ou para o cotidiano não são tão claras assim para as pessoas que não trabalham intensamente com isso. Fazer uma refeição imediatamente antes da atividade física significa que você estará com o seu estômago cheio e não necessariamente que a energia que está consumindo estará disponível para você naquele momento, daí proponho falarmos em dois termos: jejum gástrico e jejum metabólico.

               Jejum gástrico seria o que estamos acostumados a atravessar, que nada mais é do que a ausência de refeições durante um determinado período, cuja sensação que experimentamos é a de “vazio”gástrico, falta de energia e, claro, a percepção psíquica de todo este desconforto, a qual chamamos de fome (se bem que às vezes usamos este nome para vontade de comer, não é verdade?).

               Jejum metabólico seria o período compreendido entre o término da refeição, o tempo de digestão e esvaziamento gástrico e a disponibilização destes nutrientes para o nosso corpo de forma a possibilitar que realizemos uma rotina diária ou uma rotina de exercícios com um desempenho satisfatório. Diferente do jejum gástrico, este não apresenta uma sensação tão pronunciada. O que acabamos experimentando é na realidade uma continuidade da sensação de falta de força e disposição, que no caso do período pós-prandial acaba por ser confundida ou intensificada pela alcalose pós-prandial – aquela sensação de sono e cansaço praticamente incontrolável que apresentamos especialmente depois de refeições muito volumosas e com alto teor de gordura.

               Sendo assim, nos são apresentadas duas situações extremamente importantes e um questionamento que deixo no ar para podermos debater. A primeira questão é a refeição anterior a que fazemos para nos preparar para o treinamento também é de vital importância, porque é dela que tiramos reserva energética para irmos para uma refeição mais focada no exercício sem que esta tenha de suprir as faltas energéticas e nutricionais do período antes dela e ainda preparar para a atividade física que está por vir.

               A segunda questão é a refeição anterior ao exercício deve ser programada também de acordo com o intervalo entre esta refeição e o exercício que está para ser realizado, sob pena de os nutrientes necessários para a realização deste não estarem disponíveis no momento em que se fizerem necessários. Percebo que as pessoas ficam focadas em gastos calóricos e nutrientes adequados como se fossem os aspectos mais importantes da refeição pré-treinamento, esquecendo-se de que a absortividade é que vai determinar se todo aquele cálculo valerá a pena, afinal um cálculo de absortividade enganado e a sessão de treinamento ficará prejudicada apesar dos esforços em disposição contrária. Claro que o equilíbrio de calorias e macronutrientes, o índice glicêmico, as relações da atividade com a fadiga e propriedades ergogênicas são de vital importância ao programarmos uma refeição de preparo ou de recuperação do treinamento (sim, de recuperação também!), mas se nos esquecermos da capacidade e velocidade de absorção e disponibilização, estaremos jogando nossos cálculos no lixo.

[...] 

               A questão que levanto diante disso é que acredito que deveríamos ser mais rigorosos com a forma de nos alimentar, não só na qualidade dos alimentos, mas também nas propriedades de cada um deles, principalmente na cinética que eles adquirem quando entram no nosso organismo (algo como uma farmacocinética ou farmacodinâmica dos alimentos - e por que não começarmos a utilizar os termos nutrocinética e nutrodinâmica?). Sendo assim, suplementos alimentares dariam vazão às nossas necessidades diárias com vantagens que deveriam ser avaliadas caso a caso. Fica a sugestão: uso suplemento alimentar para quem precisa e não para quem quer, e você?

PAULO CAVALCANTE MUZY
Médico pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp
Especialista em Fisiologia do Exercício pelo CEFE/Unifesp
Especialista em Artroscopia e Traumatologia do Exercício pela PUC Campinas 
CRM-SP: 115.573

Originalmente publicado no blog "superperformance".

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